a macaca da vóvó

Sunday, November 05, 2006

Anti-coçar para dentro

A macaca da vóvó não é um blogue de receitas de culinária, muito embora pudesse ser. Até porque as melhores receitas são sempre caseiras e normalmente das vóvós. Arranjam sempre maneira de pôr um ingrediente que nunca ouvimos falar. Macaca porquê? Tal é a esperteza... São capazes de nos fazer comer borrego e dizer que é cabrito. Bem, mas adiante.

Anti-coçar para dentro é uma receita caseira da minha avó mas não leva nem açúcar nem farinha, quanto muito leva palavreado pouco recomendável a ouvidos mais puritanos. Não percebo muito bem porquê. Aliás hoje as criancinhas ainda estão no berçário e já sabem fazer uso do dedo do meio, quanto mais palavrões... Não só não ofendem como libertam grande quantidade de energia raivosa que só faz mal ao cérebro. Para quê ganhar urticária quando um simples "foda-se" é muito melhor que uma limpeza de pele? Pois bem. Ai começa a receita "anti-coças" para dentro.

Quem coça para dentro não são apenas os macacos. Existe uma espécie muito mais requintada e elitista que adquiriu a pericia do acto. Julgais que é preciso material como uma pá ou um balde? nada disso... Basta ter apenas um cérebro de Q.I percentual de 5 e acreditar que na verdade foi um erro estatístico e que afinal tem 120. Depois é adoptar a pose de uma estátua egipcia e dizer "querida" (ou "querido" conforme o género) para aqui, "querida" para ali. Vocabulário típico desta espécie. Um simples "Olá" vem sempre acompanhado dos respectivos apêndices: "querido" ou "querida". Não conhecem os seus colegas de espécie mas toca de aplicar esta expressão, como sinal talvez de algum requinte. Nada disso. É apenas a incacidade mental de verbalizar o que realmente querem dizer. Como por exemplo: "tás bom, meu ganda cabrão". Pois parece que não. Aliás o Q.I não deixa, além de que é não é nada elegante... Que horror, ai, ui, que palavrão.

O palavrão tornou-se um bicho papão e uma pessoa já não pode expressar o que sente. "Ora messa" diria a minha avó. Ela sim uma mulher de argamassa e totalmente anti-coças para dentro. E que não teme dizer "puta que os pariu" quando alguém não respeita que apesar dos seus 70 e muitos ainda tem uma opinião a dar.

Os coças para dentro são rafeiros que bem queriam ser de raça pura mas apenas usam pele de cobra. Egoísmo é a morada da residência e Umbigo o nome da loja onde compraram os 120 espelhos que têm espalhados pela casa toda. O toque do telemóvel é qualquer coisa como "i'm so pretty" e no voice-mail provavelmente a frase "eu sou um máximo" deve vir logo a seguir ao "deixe a sua mensagem depois do bip". Bip, bip , bip, é esta a quantidade de asneiras que já disse à conta de tanta pseudosisse. Por dios, diria Carmen Maura à beira de um ataque de nervos.

Os coça para dentro podem detectar-se logo de manhã no trânsito. Levam sempre a mulher ou o marido ao volante enquanto terminam o que deviam ter acabado em casa. Ou então vão mesmo ao volante a ler qualquer coisa que esteja muito em voga ou não fossem tão desinteressados relativamente ao que se passa à sua volta. Mais depressa lêem um "sei lá" que os jornais do dia. Se calhar deitam os olhos aos cabeçalhos mas apenas para não deixarem cair um véu ou seja, mostrarem que são incrivelmente estúpidos perante as pessoas com que se cruzam na pastelaria. É essa a função das letras gordas. Olha-se, entranha-se depois coloca-se um ar de interessado e durante 10 min conseguem passar-se por outra coisa que não coças para dentro. Na realidade esses 10 min parecem horas porque o que queriam mesmo é saber se vão ser promovidos ou aumentados, nem que para isso a sola do sapato tenha que ficar bem marcada na texta do colega.

Se pensassemos que as passadeiras existem... Ou que também somos peões. Mas não, mais vale pensar que somos condutores de veículos pesados e leva-se tudo à frente.

"Ora porra para toda esta merda". Não há cú que aguente.

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