a macaca da vóvó

Tuesday, November 28, 2006



Três Urras para os smarties:
Hip, hip, urra!

Mesmo à hora do repasto a TVI, e as suas mil e uma anunciações antes de dar realmente a bem dita da reportagem, chamou-me a atenção. Cerca de 30% dos portugueses anda a anti-depressivos. Ganda novidade, diga-se de passagem. Ainda pensei que fossem aprofundar mais o assunto mas parece que se ficaram mesmo pela alarvidade de drunfos que os tugas tomam. Mas se tivessem o cuidado de fazer um diagnóstico mais profundo ao invés de tentar estabelecer as opções habituais... Mas esperem, não há opções habituais! Adiante que se faz tarde.

Como boa estação de televisão que domina a câmara oculta, podia ter experimentado ir a um qualquer consultório de neurologista ou de psiquiatra. Aí perceberiam o porquê de tantos portugueses andarem movidos a doses de "arrebite".

Se por acaso o jornalista tivesse com olheiras e dissesse que anda cansado ou que sofre de insónias levava logo com uma receitinha. Mas não uma qualquer. Uma para "arrebitar", outra para "dormitar". Sim porque é preciso controlar o cansaço, mas se a pessoa sofre de insónias um smartie só não chega. Têm de ser mais, muitos mais e de preferência de cores diferentes. Mas não se descuide o lado sério da questão. Há quem sofra de bipolaridade e precisa realmente de um componente químico para nivelar as hormonas do humor, mas certamente não é numa primeira consulta de 25 min, mais coisa menos coisa, que se define uma pessoa.

Imagine-se o cenário: o médico dormiu mal a noite anterior. Pela manhã vai até ao estacionamento para pegar no carro e ir pro consultório. Até aí tudo bem, não tivesse o carro sido rebocado porque chegou tarde e para não andar um quarteirão deixou-o mesmo em frente aos caixotes do lixo. Começa logo bem o dia. Chega ao consultório. Veste a bata. E logo tem o primeiro paciente. Já está com a neura porque teve de vir de autocarro e o temporal fez com que tivesse pra aí umas duas horas preso no trânsito. Muita gente a respirar o mesmo ar, estilo alcofa, mas sem bolas de naftalina para moderar os cheiros. Conclusão: a disposição já não é das melhores. E coitado do paciente.

Quando entra o coitado diz que anda cansado, farta-se de mandar o belo do CV, que já se cansou de tanto reformular, e nada. Está desempregado, mas a situação até lhe agradava não fosse ter de pagar as contas da casa. E agradava porque como recém-licenciado está completamente à nora e não sabe o que fazer da vida. Gosta de muita coisa, mas aborrece-se facilmente.

Contas feitas: ora tome lá um smartie amarelo, outro azul e ainda mais um verde. O amarelo para o cansaço. O azul para ajudar a sentir-se melhor nesta fase de busca de emprego. E o verde, bem esse é para fazer os seus olhos mais bonitos.

Não admira que 30% dos portugueses andem a anti-depressivos. Pudera. Em 25 min como é que um médico sabe quem tem à sua frente? Até pode ser um viciado em smarties e vai correndo a lista telefónica toda de médicos para lhe passarem mais uma colecção deles.
Pois, não sabe. Por isso não devia passar logo uma receitinha numa primeira consulta. Ainda nem mandou fazer análises ou outras dessas coisas que os médicos mandam fazer, e o paciente já tem na mão uma receita de smartie amarelo, azul e verde.

Vivam as cores. E vivam os drunfos.
Qualquer dia temos cerca de 37,5% dos portugueses a quererem vestir-se de Estrunfos!

Wednesday, November 08, 2006

Clister ou evacuação de ideias de merda

Quando os finais dos dias atacam, quem é que se chama? Os caça-fantasmas não coitados que já estão na idade da reforma. Mas os caça-ideias-de-merda são os melhores combatentes daqueles idiotas chapados que passam a vida a fazer a vida de muito boa gente num inferno. Quanto mais não seja, pura e simplesmente por gostarem de infernizar outras vidas, já que não têm vida própria. Assim que entra em cena o seu chefe ou o parvalhão de um colega ou apenas um transeunte insolente, você grita "clister" e eles aparecem.

Aplicam o dito "clister" aos ideias-de-merda e eis que ao fim de uns minutos de evacuação tornam-se a simpatia em pessoa.

Já sabe, com um bom clister, as ideias de merda desaparecem. E os ideias também.

Sunday, November 05, 2006

De tão irritante até me fizeste chegar-te a roupa ao pêlo

Começa logo pela manhã. Telefone toca. Do outro lado: "já estás atrasado. Eu se chego 10 min antes, estou atrasada". Olha que bela maneira de se acordar. Começou tudo por um favor. O idiota chapado do meu primo não cuida da sua esposa e transfere os honorários de babysitter aqui para o je. Se ao menos fossem honorários com recibo verde, mas nem isso, é mesmo honorários de estagiário, ou seja, no final não vejo nem um chavelho.

Fiquei incumbido de marcar o cabeleireiro à senhora, visto que não fala nada de português. Ah e Obrigadô e Bôa noite não conta. Assim fiz. Fui buscá-la à estaçãoe chegámos atrasados uns 10 min ao "senhor arranja marrafas". Ficou histérica e despejou as culpas todas em cima de mim. O que vale é que já estou habituado. Deixei-a lá, que se amanha-se com o senhor o que já não era sem tempo, visto que já lá a levei várias vezes. Disse que tinha de ir à minha vida porque nem pensar que ia apanhar mais outra das secas de 4 horas a traduzir que a senhora quer umas madeixas e não quer levar com o secador na cabeça porque não quer sair dali um espantalho.
Quando voltei ainda estava lá. Pelos vistos de 4 horas passou a 5. Vá uma pessoa entender isto. Deve ter sido da asneirada que fez à franja. O homem deve ter precisado de um afagador para tentar compôr o estrágo. Eis que começam as bocas.

"Pensava que vinha cá mais cedo". Como já tinha a pulga a dar-me comichão atrás da orelha vi logo que aquilo era para mim por não ter marcado para mais cedo. Essa foi a segunda depois do atraso de manhã. A terceira estaria para vir. Sai dali e decidi ser um primo amável e comprar uns pensos daqueles que ajudam a respirar. Para quê? Parece que o meu primo desde que se mudou para Portugal está gordo que nem um texugo e ressona que nem um porco. A mim não me interessam as considerações estéticas da senhora, mas quis ser prestável e lá fui comprar a porra dos adesivos. Nem um Obrigada. Ou pelo menos Obrigadô. E ainda se consideram o povo mais evoluído do mundo. Por favor.

Já de cabeleira arranjada ainda tive de levar a senhora a uma loja de meias ou collants. Para mim quaisquer umas serviam... Mas pelos vistos existe uma coisa chamada "ajustam-se à barriga". Nem sei muito bem o que isso é. Adiante. Depois de largos minutos a olhar para a porra das meias, pegou numas. Pensei: raio da americana, finalmente decidiu-se. Qual quê, era apenas para ler as indicações de tamanho e mesmo assim tive de lhe apontar onde estavam escritas em inglês... Conclusão: não trouxe nenhumas. Depois queria os brindes grates da Lancôme ou da Clinic, se eu sabia onde haviam. Mas eu tenho cara de posto de informações de cosmética? Passou-se. Pensava que haviam lojas específicas. Ò mulheri vai mas é à porra de qualquer perfumaria, não? Mais uma pergunta e eu mandava-a pro... E não é que fez o raio de outra pergunta?

Eu só imaginava aquelas cenas à filme em que o personagem se passa e diz todos os palavrões enquanto o outro personagem fica incrédulo. Mas imediatamente a seguir a cena repete-se mas com o personagem a cerrar os dentes e a não dizer nada.

Eu imaginei, mas não lhe deu dois estabefes porque não calhou. Que tal pensares que estás em Portugal e que as coisas não andam ao mesmo ritmo ein? Mas claro, como se mudou para cá o relógio biológico de todos os portugueses tem de se acertar pelo dela...

Lá arranjou a "coiffura". Mas eu de babysitter nunca mais. O meu primo bem pode oferecer-me uma viagem às Maldivas que nem assim eu aturo a americana outra vez... Xiça, mais depressa bebo óleo de figado de bacalhau... Não há noção. Só porque não temos o mesmo relógio biológico, agora já somos menores? Olha, melheri, ide de volta pros states porque aqui os relógios não avançam três quartos de hora. Ah e aqui tens mesmo de estar 4 horas nas filas de repartições públicas... E mai nada!

Anti-coçar para dentro

A macaca da vóvó não é um blogue de receitas de culinária, muito embora pudesse ser. Até porque as melhores receitas são sempre caseiras e normalmente das vóvós. Arranjam sempre maneira de pôr um ingrediente que nunca ouvimos falar. Macaca porquê? Tal é a esperteza... São capazes de nos fazer comer borrego e dizer que é cabrito. Bem, mas adiante.

Anti-coçar para dentro é uma receita caseira da minha avó mas não leva nem açúcar nem farinha, quanto muito leva palavreado pouco recomendável a ouvidos mais puritanos. Não percebo muito bem porquê. Aliás hoje as criancinhas ainda estão no berçário e já sabem fazer uso do dedo do meio, quanto mais palavrões... Não só não ofendem como libertam grande quantidade de energia raivosa que só faz mal ao cérebro. Para quê ganhar urticária quando um simples "foda-se" é muito melhor que uma limpeza de pele? Pois bem. Ai começa a receita "anti-coças" para dentro.

Quem coça para dentro não são apenas os macacos. Existe uma espécie muito mais requintada e elitista que adquiriu a pericia do acto. Julgais que é preciso material como uma pá ou um balde? nada disso... Basta ter apenas um cérebro de Q.I percentual de 5 e acreditar que na verdade foi um erro estatístico e que afinal tem 120. Depois é adoptar a pose de uma estátua egipcia e dizer "querida" (ou "querido" conforme o género) para aqui, "querida" para ali. Vocabulário típico desta espécie. Um simples "Olá" vem sempre acompanhado dos respectivos apêndices: "querido" ou "querida". Não conhecem os seus colegas de espécie mas toca de aplicar esta expressão, como sinal talvez de algum requinte. Nada disso. É apenas a incacidade mental de verbalizar o que realmente querem dizer. Como por exemplo: "tás bom, meu ganda cabrão". Pois parece que não. Aliás o Q.I não deixa, além de que é não é nada elegante... Que horror, ai, ui, que palavrão.

O palavrão tornou-se um bicho papão e uma pessoa já não pode expressar o que sente. "Ora messa" diria a minha avó. Ela sim uma mulher de argamassa e totalmente anti-coças para dentro. E que não teme dizer "puta que os pariu" quando alguém não respeita que apesar dos seus 70 e muitos ainda tem uma opinião a dar.

Os coças para dentro são rafeiros que bem queriam ser de raça pura mas apenas usam pele de cobra. Egoísmo é a morada da residência e Umbigo o nome da loja onde compraram os 120 espelhos que têm espalhados pela casa toda. O toque do telemóvel é qualquer coisa como "i'm so pretty" e no voice-mail provavelmente a frase "eu sou um máximo" deve vir logo a seguir ao "deixe a sua mensagem depois do bip". Bip, bip , bip, é esta a quantidade de asneiras que já disse à conta de tanta pseudosisse. Por dios, diria Carmen Maura à beira de um ataque de nervos.

Os coça para dentro podem detectar-se logo de manhã no trânsito. Levam sempre a mulher ou o marido ao volante enquanto terminam o que deviam ter acabado em casa. Ou então vão mesmo ao volante a ler qualquer coisa que esteja muito em voga ou não fossem tão desinteressados relativamente ao que se passa à sua volta. Mais depressa lêem um "sei lá" que os jornais do dia. Se calhar deitam os olhos aos cabeçalhos mas apenas para não deixarem cair um véu ou seja, mostrarem que são incrivelmente estúpidos perante as pessoas com que se cruzam na pastelaria. É essa a função das letras gordas. Olha-se, entranha-se depois coloca-se um ar de interessado e durante 10 min conseguem passar-se por outra coisa que não coças para dentro. Na realidade esses 10 min parecem horas porque o que queriam mesmo é saber se vão ser promovidos ou aumentados, nem que para isso a sola do sapato tenha que ficar bem marcada na texta do colega.

Se pensassemos que as passadeiras existem... Ou que também somos peões. Mas não, mais vale pensar que somos condutores de veículos pesados e leva-se tudo à frente.

"Ora porra para toda esta merda". Não há cú que aguente.